domingo, 30 de maio de 2010

Espaços...



Ficar comigo mesma não há de ser nada fácil. To apavorada com a ideia de me enfrentar.


Escrever talvez seja o caminho mais certo que posso escolher para chegar perto de mim.


E porque me permito desacorrentar, é que a liberdade se apresenta.


Assim, com ares de intensidade, com suas verdades, com subita malandragem e me obrigando a ter coragem.

Vou encarar os vazios de meu habitat mais secreto, como espaços necessários, como a pausa do retrato.

Vou permitir me sentir só e vazia de mim mesma por alguns instantes, talvez por muitos instantes, mas vazios tão cheios de pensamentos me apavoram...

O que há no meu silencio, tão cheio de palavras e sons?

"Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraçá-la." (Clarice Lispector)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Pra você guardei o Amor.


Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar

O amor que tive e vi sem me deixar

Sentir sem conseguir provar

Sem entregar

E repartir

Pra você guardei o amor

Que sempre quis mostrar

O amor que vive em mim vem visitar

Sorrir, vem colorir solar

Vem esquentar

E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz

No giz do gesto o jeito pronto

Do piscar dos cílios

Que o convite do silêncio

Exibe em cada olhar

Guardei

Sem ter porque

Nem por razão

Ou coisa outra qualquer

Além de não saber como fazer

Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei

Vendo em você

E explicação

Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e arder

No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor

Que aprendi vendo meus pais

O amor que tive e recebi

E hoje posso dar livre e feliz

Céu cheiro e ar na cor que arco-íris

Risca ao levitar

Vou nascer de novo

Lápis, edifício, tevere, ponte

Desenhar no seu quadril

Meus lábios beijam signos feito sinos

Trilho a infância, terço o berço

Do seu lar

(Nando Reis)

sábado, 15 de maio de 2010

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"--------estou procurando, estou procurando.
Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro." ( Clarice Lispector).

Ontém foi o caos e desejei ouvir Nietzsche me dizer: " é necessário o caos cá dentro para gerar uma estrela". Foi um daqueles dias em que tudo o que não pode acontecer, aconte... fiquei completamente perdida... emocionalmente perdida e literalmente perdida.
Desejei que tudo fosse perfeito e me esqueci por instantes que o perfeito não existe, queria tudo ao mesmo tempo; só que tudo é muito...

Encontro marcado, expectativas a mil ... e eu fiz com que tudo desse errado.

Ou será que foi o acaso?

Saldo do dia: um dente quebrado, uma "viagem" ao ponto de encontro errado... transito, muito transito, um atraso de 4 horas e duas interrogações enormes no final da noite: " O que foi que eu fiz? E onde irá chegar tudo isso?"

O fato é que em última analise do dia de ontém, terei que correr o risco do acaso... abandonar o destino e ficar com a probabilidade!

sábado, 8 de maio de 2010

FARSA - ( música - Nila Branco - letra de Zeca Baleiro)

No canto do espelho, espio
Tua pele branca, teu abraço macio
Como se te ver por perto
Pudesse tornar o deserto um pouco menos vazio

Como se isso bastasse
Pra afastar os medos
O que eu sinto cheia de desejos e dedos
Como se fosse bastante não te perder
Não te perder de vista nem por um instante

Digo menos o que penso
Falo mais do que faço
Me defendo como posso

Me esforço pra ser fácil e me finjo de difícil
Mas me dou de graça
A quem descobrir minha farsa